terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Wien, Budapest, London, Brussels and Mamãe


Passei denovo um longo tempo sem escrever, só pensando em o que escrever, como escrever, o que descrever e como não conter a saudade, a saudade dos lugares, das viagens, dos perrengues, da mamãe. Minha linha do tempo anda meio atrasadinha aqui no blog, já estamos em mais da metade de fevereiro, 2015 completou um mês e meio, eu completei oito meses na Holanda, já me despedi de tantas pessoas e eu ainda preciso escrever (ou tentar) todos esses sentimentos, do fim de dezembro até agora. Parece pouco, um tempo que certamente eu não viveria tantas coisas se não estivesse aqui, aqui nessa Europa, nessa Holanda, do outro lado do oceano. E vamos continuar de onde eu parei...


O Natal passou, nós fizemos uma festa muito gostosa e bem brasileira na casa da host family da Mayara. O dia 25 de dezembro, o dia do Natal de fato, eu e mamãe ficamos em casa, eu curtindo uma preguiça e uma ressaca e ela tentando curar a gripe (tadinha). No dia 26 de dezembro muito cedo (muito cedo mesmo) nós embarcamos para Vienna na Áustria. Tudo tranquilo, chegamos na hora prevista, pegamos o transporte correto e até uma carona pro Hotel (os alemães em Vienna são muito gentis em geral). Wien é uma cidade altamente cultural e linda, muito linda MESMO. O turismo em Vienna é muito fácil: pegue um tram, vá a pé, pegue um ônibus, seja lá o que for e aprecie a paisagem, a arquitetura, o clima, as pessoas bonitas, a história, a música. Lá nós andamos pelos parques, prédios lindos do Parlamento, a Escola de Música, a Rathausplatz ainda colorida e pelas intervenções artísticas e mercado de natal, e fomos até mesmo em um concerto de música com direito a Mozzart, tenor e ballet. Segura essa!


O paraíso de pretzels

Intervenção de amor



Concerto

Neeeve!



Hora de dar tchau para Wien. Fomos altamente agraciadas com um dia de neve, tudo branquinho como jamais havíamos visto, mas também fomos não agraciadas com um susto. Perregue top 1: perdi minha bolsa dentro de um trem indo do Hotel para o aeroporto, exatamente NA HORA de ir embora pegar o ônibus para Budapeste. Eu dei falta da minha bolsa quase 40 minutos depois, o que significava: desapego ou desespero. Eu não podia simplesmente deixar de lado a situação e ir embora, ali estavam os meus documentos (leia-se minha identidade europeia também) e meu celular, "at least" 500 euros de prejuízo dentro de uma bolsinha. Minha reação foi: o desespero. Aquela foi a situação mais complicada e agoniante que eu já vivi. Erámos somente eu e minha mãe em um país completamente desconhecido por nós, com uma língua que eu não dominava (alemão) e com uma outra língua mais ou menos dominada por mim (inglês) e nada dominada pela mãe. Ali eu me vi com a pessoa mais importante da minha vida sem poder fazer nada de "concreto" por mim, eu não podia simplesmente chorar e chamar pela minha mãe como se ela fosse resolver os meus problemas (antigamente ela de fato resolvia), mas agora é diferente. Ela só conseguia me pedir calma, paciência e fôlego para tentar recuperar a bolsa ou fazer uma queixa na polícia, e eu? Eu só conseguia chorar. Entre um intervalo e outro de lágrimas eu fui até duas estações de trem tentar resolver o problema com  pessoas que ali estavam trabalhando em um domingo vazio e de neve, andamos as duas carregando malas e com muita neve na cara. Caminhei até um hotel, uma estação de Esqui do gelo, até um posto policial, posto esse que eu fiquei no mínimo uma hora tentando me comunicar e explicar todo o ocorrido. Cansadas nós decidimos voltar para a primeira estação e apenas tomar o trem em direção ao aeroporto na esperança de conseguir um ônibus ainda naquele dia para Budapeste. Nessa primeira estação eu conversei com uma mulher que se prontificou a me ajudar, e pela última vez naquele dia, completamente cansada, exausta e sem lágrimas eu fui até ela agradecer e dizer que eu já havia feito meu boletim na polícia. Ao me ver ela abriu o maior sorriso do mundo e disse: We found your purse!!! OOOOHHHHH (voz do milagre) Eu apenas não consegui acreditar, eu e mamãe nos abraçamos, ela querendo chorar e eu querendo gritar. Meu anjo da guarda me ama muito! Ainda tenho saudades de Vienna, das pessoas, da neve :)

O que nós tivemos de sorte com alemães de boa vontade em ajudar em Viena, nós tivemos o azar de cruzar com gente mal humorada e mal educada em Budapeste na Hungria. Viena e Budapeste mesmo sendo lugares extremamente pertos são cidades completamente diferentes, em TODOS os quesitos. A Hungria é um país do leste europeu, ou seja, tem uma história diferente, tem seu próprio idioma, a moeda em transição, economia diferente, clima, paisagem, TUDO. Eu diria que tomamos um pequeno choque cultural ao desembarcar em Budapeste. A cidade em si está em um processo de transição de economia socialista para capitalista, ou seja, não é um lugar totalmente a cara da Europa "rica", algumas casas ainda preservam o modelo antigo de "vila" e vida em comunidade por exemplo, e o nosso Hotel, classificado como "bom" e nota 7,5 no booking.com (nada mal para uma avaliação) ficava em uma dessas "vilas", o que de cara nos deixou um pouco pensativas a respeito do lugar. Mas ok, não deveríamos julgar um lugar pela sua cara e simplicidade porque até então Budapeste só era um pouco diferente do que a gente já tinha visto. O problema foi que eu não pude deixar de julgar Budapeste logo de cara, sabe porque? Porque nós descemos na rodoviária da cidade e nos deparamos com guichês de informação fechado, todos estabelecimentos do local fechado e pessoas completamente mal informadas falando um inglês totalmente de má vontade. Por exemplo: ao pedir informação a uma mocinha trabalhando na casa de câmbio da estação eu fui quase que atacada pelos gritos da mesma que se recusava em me ajudar, sim, ela disse: NÃO QUERO E NÃO VOU TE AJUDAR, me desculpem os amantes de Budapeste, mas como não ter uma má impressão logo de cara? Depois de um dia inteiro tentando recuperar minha bolsa, ânimos a flor da pele e cansaço eu fui recebida dessa forma em Budapeste.

O Parlamento

Animada com o frio

Buda



Passeio de barco


Certo, decidi me recuperar emocionalmente com a ajuda da minha mãe e de duas brasileiras que conhecemos no caminho e apenas encontrar o Hotel sozinha, chegar, dormir, descansar e dar uma segunda chance para cidade no dia seguinte. Quando finalmente nos instalamos no Hotel percebemos que era um Hotel simples e até mesmo um pouco precário, para a nossa "não alegria". O dia seguinte amanheceu lindo, ensolarado, porém com uma temperatura de nada mais nada menos do que - 8 graus e sensação de - 12 graus, Buda e Peste, eu estou tentando, mas tá difícil! Foi um dia longo de caminhada e tentativa de combater o frio e apenas "have fun", mas eu juro estava impossível! Não tinha como pensar com tanto frio, não tinha como andar mais do que 10 minutos sem congelar, não tinha como manter o bom humor nessa situação. Posso parar por aqui! Budapeste dividida em dois lados cortado pelo rio tem uma paisagem deslumbrante, um parlamento sensacional, um templo incrível, uma história divina, mas  deixou meu coração esperando pela segunda chance de amá-la. Corta para o próximo destino!


Londres, mais uma vez! Eu levei minha mãe para conhecer um dos meus lugares favoritos e escolheria mais mil vezes apesar dos pesares. Chegamos no dia 30 de dezembro em Londres para comemorar o ano novo, e como eu já imaginava a cidade estava muito, muito cheia. A queima de fogos na London Eye é uma das mais famosas do mundo e pela primeira vez estava sendo cobrado um valor de 10 libras para assistir. Depois de várias tentativas eu consegui comprar nossos ingressos para apreciar esse momento mágico, mas me arrependi um pouco.

Antes do dia 31 de dezembro nós obviamente fizemos os passeios de turista e descansamos para a virada do ano que já esperávamos que seria cansativa (mas nem tanto). Os portões para assistir a queima dos fogos na London Eye abriam as 19hrr, ou seja, uma espera de 5 horas. A organização do evento não foi exatamente como eu imaginava, a segurança estava mal informada, as filas mal organizadas.  Os pontos positivos foram que fizemos amizade com um casal de brasileiros na fila com quem dividimos o momento mágico da queima, que infelizmente só durou 11 minutos. Mas sim, foi deslumbrante, lindo, belo! Talvez eu devesse estar esperando mais por causa de todo o desgaste emocional e físico de esperar tanto... Mas o pior de tudo não foi a espera, foi a espera mais o plus da desorganização na saída. Não haviam saídas disponíveis e pouquíssima estações de metrô aberta para não sei quantos milhares de pessoas querendo sair e ir embora, eu nunca pensei que diria isso mas a organização de um dos maiores eventos de Londres estava pior do que a organização da Pecuária de Goiânia. Ponto.

2015!!!! Recebi o abraço mais aconchegante da pessoa que mais amo nessa vida, me senti completa e amada no primeiro dia do ano, obrigada por esse momento mãe. Engraçado como muitas vezes eu não valorizei esses momentos, mas depois de 6 meses sem nenhum contato físico com a minha família, ter a minha mãe por perto, em Londres, assistindo uma belíssima queima de fogos, meu coração se encheu de alegria e emoção. Obrigada!:)

Depois disso o primeiro dia do ano seria nosso último dia em Londres, deveríamos aproveitar. Assistimos a um musical incrível Memphis!!! (por favor, se você for para Londres um dia, não deixe de ir a um musical). Foram 2 horas e meia de uma maravilhosa combinação de: história boa e envolvente, dança maravilhosa, e vozes e músicas incríveis. :) BYE BYE London!








<3

Camden Town





O último destino foi: Brussels na Bélgica. O país das melhores cervejas do mundo, o país dos chocolates e de comida boa. Gostei, sim ou claro? Mamãe gostou sim ou com certeza? :) Fechamos com chave de ouro! Na Bélgica você pode dar uma volta no mercado e encontrar uma variedade enorme de cervejas de todos os sabores e teores alcoólicos imagináveis por um preço muito mais do que justo, e assim fizemos: nossa festa. hahaha

Amor pelas cervejas belgas



Vista do Atomium




Depois disso tudo, depois de 15 dias junto com a minha mãe, dela presenciar minha rotina, meus dias, a casa que eu moro, e me proporcionar as melhores viagens eu juro que não sei qual foi o sentimento na hora de dar tchau, de dizer um até logo. Foi um sentimento de gratidão misturado com saudade, saudade dela, de casa, do Brasil, do calor. Obrigada mãe por cada sorriso, esforço, carinho, amor, cerveja, por cada moedinha de euro gasto, por perder o seu tempo atravessando o oceano para vir me ver. Te vejo muito em breve, Tot zienz! :)

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